A taxa de juros do cheque especial subiu em agosto. De
acordo com informações do Banco Central, divulgados hoje, em Brasília, a taxa
do cheque especial subiu 2,7 pontos percentuais, de julho para agosto, e chegou
a 321,1% ao ano, estabelecendo novo recorde na série histórica do BC, iniciada
em julho de 1994.
Neste ano, a taxa do cheque especial já subiu 34,1 pontos
percentuais em relação a dezembro de 2015, quando estava em 287% ao ano.
Outra taxa de juros alta é a do rotativo do cartão de
crédito. Em agosto, na comparação com o mês anterior, houve alta de 3,5 pontos
percentuais, com a taxa em 475,2% ao ano. Neste ano, essa taxa já subiu 43,8
pontos percentuais. O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga
menos que o valor integral da fatura do cartão.
A taxa média das compras pagas com juros, do parcelamento da
fatura do cartão de crédito e dos saques parcelados, subiu 0,8 ponto percentual
e ficou em 152,2% ao ano.
A taxa do crédito pessoal aumentou 0,1 ponto percentual para
132,3% ao ano. A taxa do crédito consignado (com desconto em folha de
pagamento) também subiu 0,1 ponto percentual para 29,3% ao ano.
A taxa média de juros cobrada das famílias caiu 0,1 ponto
percentual, de julho para agosto, quando ficou em 71,9% ao ano.
A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90
dias, para pessoas físicas ficou estável em 6,2%. A taxa de inadimplência das
empresas também ficou inalterada em 5,2%. A taxa média de juros – cobrada das
pessoas jurídicas – ficou em 30,7% ao ano, alta de 0,3 ponto percentual em
relação a julho.
Esses dados são do crédito livre em que os bancos têm
autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de
juros.
No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras
definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional,
rural e de infraestrutura) a taxa de juros para as pessoas físicas caiu 0,2
ponto percentual para 10,4% ao ano. A taxa cobrada das empresas caiu 0,5 ponto
percentual para 12,3% ao ano. A inadimplência das famílias ficou em 1,8% e das
empresas subiu 0,2 ponto percentual para 1,3%.
De acordo com o Banco Central, o crédito não cresceu de
julho para agosto. O saldo de todas as operações de crédito concedido pelos
bancos ficou estável em R$ 3,115 trilhões.
Esse valor correspondeu a 51,1% de tudo o que o país produz
– Produto Interno Bruto (PIB) – ante o percentual de 51,5% registrado em julho
deste ano. Em 12 meses encerrados em agosto, o saldo das operações de crédito
caiu 0,6%.
Mercado imobiliário
– O Radar Abrainc-Fipe de julho mostra que as condições gerais do mercado
imobiliário apresentaram pontuação média de 2,3 na escala entre 0 (menos
favorável) a 10 (mais favorável), indicando um novo piso na série histórica
desde janeiro de 2004.
O mês de julho foi marcado por uma ligeira melhora no
ambiente macro, em específico o indicador de confiança, que teve aumento de
0,4. O ambiente setorial também deu sinais de melhora com os indicadores de
lançamentos (+0,6) e de insumos (+0,1), o que compensou a queda no indicador de
preço dos imóveis (-0,4). Em relação às dimensões de crédito imobiliário e de
demanda, ambas mantiveram trajetória de queda em comparação ao mês anterior
(-0,3).
No total, cinco dos 12 indicadores do Radar encontram-se nos
níveis mais baixos da série histórica, que são atividade, massa salarial, preço
dos imóveis, emprego e condições de financiamento.
Em 2016, o panorama geral do mercado imobiliário permanece
negativo, com queda de 0,7 pontos entre dezembro de 2015 e julho de 2016.
Cenário que não difere do comparativo de 12 meses, uma vez que entre os meses
de julho de 2015 e de 2016 observa-se uma queda em todas as dimensões
avaliadas, com um recuo de 1,4 pontos na nota média geral.
Para Renato Ventura, vice-presidente-executivo da Abrainc, o
setor continua aguardando por melhorias na economia para retomar seu
crescimento.
– Vemos que alguns indicadores mostram leve avanço, como o
de confiança, mas ainda há uma série de questões que impactam a economia
brasileira e, consequentemente, o setor imobiliário – afirma ele.
O executivo comenta ainda que o setor vem se ajustando há
algum tempo.
– Os lançamentos continuam seletivos, e esperamos que mais
sinais positivos se somem ao aumento de confiança indicado – destaca Ventura.
Fonte: Monitor Mercantil